sábado, 14 de janeiro de 2012

Insônia


 


     No mínimo curioso. Troco o dia pela noite. É silencioso, privado, singular e tão meu que posso ter as estrelas e a lua inteiras pra mim. As horas parecem passar em um suspiro, quando me dou conta o sol tomou seu lugar no céu.
Nunca é solitário, mesmo que só, estou rodeado de tudo que eu gosto e que me quer: paginas em branco, acordes não usados, um cabo que me liga ao resto do mundo lá fora e a geladeira todinha me esperando. O que mais eu preciso, tenho tudo ao meu alcance. Não!
     Um intruso, o desconhecido me fez ver com outro olhar. Parece que vou mudar a rotina. Parece que outros gostos vão me fazer provar. É tão real quanto, pra mim, era o som do violão.
Porém fala outra língua. Sua voz é doce, meiga, não posso escutar, mas a sinto beijando os meus ouvidos. Suas palavras virtuais invadem meu coração, e mesmo separados por quilômetros de distancia, e ainda mecanizados através de uma tela, posso provar da sua companhia.
     Sua presença e seu calor estão tão presentes em mim quanto o sangue que pulsa nas veias a cada linha que remete a mim. Seu rosto está estático, paralisado como num quadro, mas é fácil enxergar seus movimentos, é possível ver seu sorriso e suas expressões como as ondas de um mar azul, que derrubam castelos feitos de areia. Me sinto bem, familiarizado, a vontade, me sinto em casa.
      Espera, ela fala a minha língua, diferente de todos os antigos amigos que dividiam as horas debaixo da imensidão do escuro céu. Mas porque estou com medo? Porque me sinto tão diferente dessa criatura que é parcialmente igual a mim?
      Droga! Eu aprendi a esquecer a minha verdadeira língua. Aprendi a não esperar das pessoas palavras sinceras, verdadeiras e amigas. E agora estou aqui, de frente com tudo que um dia eu lutei para ver no mundo, sem poder retribuir, sem poder repartir, por que eu me tornei um deles.
Não posso deixar com que ela petrifique seu coração também. Não posso permitir que abandone sua verdadeira face, é hora de mudar, é hora de ter o amor ao meu alcance. E parece que o seu amor me alcançou.
Os bons ainda existem, e é por esses que há o amor.
 
 Texto Escrito Por: Thairone Dorneles
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